Mecanismo / tratamento da doença
Núcleo de Epidemiologia - Hospital Evandro Chagas
IOC-FIOCRUZ



01) Qual é a diferença entre o “período de incubação” e a “janela imunológica”?
Período de incubação é o tempo entre a contaminação (através de relação sexual, compartilhar seringas, transfusão de sangue contaminado, etc.) e o aparecimento dos sintomas da AIDS. Janela imunológica é o tempo entre a contaminação e o aparecimento de anticorpos no sangue, que pode ser detectado pelos testes atuais. Esta janela dura normalmente menos que três meses.

02) Qual a diferença entre uma pessoa portador do HIV e ter AIDS?
Portador do HIV é qualquer pessoa que foi infectado pelo vírus e que na grande maioria das vezes está totalmente saudável. Ter AIDS significa a fase da infecção aonde surge varias doenças e infecções oportunistas que surgem pela deficiência do sistema imunologico da pessoa, que foi provocado pela ação do vírus.

03) Quanto tempo leva para uma pessoa infectada pelo vírus HIV começar a apresentar sintomas da AIDS ?
Não existe um tempo determinado para uma pessoa apresentar os sintomas da AIDS. Depende da resposta imunologica individual e talvez também do tipo de vírus. Podemos apenas dar uma resposta estatística que demostra que a metade das pessoas, após 10 anos de infecção, ainda não apresentaram sintomas da AIDS. Tem um (pequeno) grupo que são soropositivos por muitos anos e ainda não apresentaram sinal nenhum de uma baixa na imunidade. No caso individual temos de agir e prestar uma assistência acreditando que a pessoa com HIV está no grupo que tem uma sobrevida longa. É a conduta correta que se faz na medicina quando se tem um paciente com um doença crônica.

04) Qual o significado da grande variedade de subtipos do HIV?
Há muitos estudos em andamento para determinar os subtipos do HIV. No Brasil existe no momento os subtipos B, C, F e agora também o D. Estes subtipos não apresentam diferenças importantes de ponto de vista clinica e na forma (ou capacidade) de sua transmissão. Sabemos que um dos características do HIV é sua capacidade de mutação e é um dos mecanismos que o vírus usa para driblar o sistema imunologico. Acreditamos que conhecendo estes subtipos será importante na hora de determinar a composição de uma vacina preventiva que seja adequada ao nosso meio.

05) Qual os países que tem com maior numero casos de AIDS?
De acordo com os dados da OMS até o final de 1996 havia 23 milhões de pessoas no mundo vivendo com HIV, sendo 13 milhões de homens, 9 milhões de mulheres e quase 1 milhão de crianças. Este número alarmante está aumentando com mais de 3 milhões de casos por ano. Na África estima-se que há 14,2 milhões, na Ásia 5,2 milhões, na América Latina 1,3 milhões, nos Estados Unidos 0,8 milhões e na Europa 0,5 milhões de pessoas infectadas.
Desde o inicio da epidemia houve 8,4 milhões de casos de pessoas doentes com AIDS, sendo que destes 6,4 milhões já faleceram.

06) Qual o estados brasileiros com maior numero de casos?
Até o inicio de 1997, houve mais de 100 mil casos notificados com AIDS. A região com maior número de casos é o Sudeste (total de 76 mil) sendo São Paulo o mais importante com 54 mil e o Rio de Janeiro com 15 mil. A seguir vem Minas Gerais com 7 mil e Rio grande do Sul com 5 mil casos. Maiores dados podem ser obtidos no Boletim Epidemiológico de AIDS produzido pelo Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e DST/AIDS do Ministério da Saúde.

07) O coquetel de drogas tem realmente produzido resultados positivos?
Ainda sabemos relativamente pouco sobre os efeitos dessas drogas. Sabemos que muitos pacientes reagem de forma positivo ao coquetel de medicamentos (“esquema tríplice”). São muito comprimidos e há efeitos colaterais importantes e existirá sempre a possibilidade de resistência a estas drogas. Por outro lado, pelo seu preço elevadíssimo, é difícil que isto seja uma realidade para saúde pública em geral em quanto não foi feito uma avaliação clara dos benefícios das drogas (como a melhora dos pacientes e diminuição das internações) enquanto que outras prioridades na saúde pública são esquecidas.

08) Quais os sintomas mais freqüente da AIDS?
Os sintomas da AIDS podem se apresentar das formas mais variadas e devem ser considerado em pessoas que tiveram vida sexual ativa (e em especial os com múltiplo parceiros e/ou sem preservativos), usuários de drogas endovenosas e pessoas com uma historia de transfusão de sangue. No nosso meio os sintomas mais freqüentes são entre outras, perda de peso importante, lesões na boca , astenia prolongado, febre e/ou tosse persistente, tosse, anemia, diarréia prolongada e lesões na pele.

09) Quais são os tratamentos existentes contra o HIV e como funciona?
Com a introdução das novas drogas (os inibidores de protease) estamos nas fase de mudanças importantes nas orientações dados aos pacientes. Há porem muitas dúvidas sobre quando começar a terapia combinada, os critérios de mudança das drogas e os benefícios a longo prazo. O padrão para acompanhar o progresso da infecção pelo HIV, até recentemente, era a contagem do linfocítos CD4+ (que baixam na media de 50-100 células por ano) e o nível do p24. Quando atingem menos de 200 células começam apresentar infecções oportunistas. Recentemente, com a determinação da carga viral (que é a determinação da quantidade de material genética na amostra) tme se um indicador melhor sobre o prognostico da doença e sua capacidade de transmissão. Espera-se que com esta técnica se possa determinar a eficácia dos novos medicamentos.
A literatura sugere que pessoas com AIDS ou estejam com contagem de CD4+ menos de 200 devem ser estimulados a tomar os medicamentos. As pessoas que estão entre 200 e 500 será uma decisão do médico assistente e seu paciente. Nas localidades que tem a dosagem de carga viral use-se normalmente o limite de 10000-20000 copias de RNA/ml como critério em conjunto com os valores de CD4+.
Nenhum agente ou combinação de agentes teve a capacidade de suprimir definitivamente o HIV. Quando há sinal de que os agentes não estão funcionado (nova infecção, efeito colateral das drogas, diminuição do CD4+, ou aumento da carga viral) é o momento de considerar mudar os medicamentos.

No momento temos o seguinte lista de medicamentos e assinalamos os nomes comerciais, efeitos colaterais mais freqüentes e o preço nos EUA.

Análogos de nucleosida:
(Inibidores de transcriptase)
Nome comercial Efeitos colaterais Preço
(nos EUA / no Rio*)
zidovudine (AZT) -1987 Retrovir Anemia, dor de cabeça, enjôo, dor muscular $279/R$164
didanosina (ddI) -1991 Videx Pancreatite, diarréia, neuropatia $178/R$259
zalcitabina (ddC) - 1992 Hivid Neuropatia, pancreatite, úlcera bucal $207/R$268
stavudina (D4T) - 1994 Zerit Neuropatia $208/R$284
lamivudina (3TC) - 1995 Epivir Enjôo, dor de cabeça $224/R$264

Inibidores de protease Nome comercial Efeitos colaterais Preço
(nos EUA / no Rio*)
saguinavir(1995) Invirase Distúrbio intestinais $572/R$432
indinavir Crixivan Alterações hepáticas, cálculo renal $495/R$548
ritonavir(1996) Norvir Distúrbio intestinais $668/R$447
nelfinavir -- -- --

Análogos não nucleosidas Nome comercial Efeitos colaterais Preço
(nos EUA / no Rio*)
nevirapine Viramune Erupção cutânea, diarréia, febre medicamentosa Ignorado
delavirdina (U-90) Erupção cutânea, alteração função hepática Ignorado

* Fonte: Farmácia HEC / IOC / FIOCRUZ

Zidovudina (AZT) foi o primeiro produto capaz de inibir o HIV e é possível pela inibição uma enzima, transcriptase reversa, que é necessário para replicação do material genética do vírus. O AZT sozinho mostrou se limitado, mas num estudo recente demostrou-se (o estudo ACTG 076) que o uso em mulheres gravidas diminui muito a transmissão da mãe para o seu filho. Continua sendo usado (junto com outros medicamentos) no tratamento do HIV/AIDS, apos picado acidental com agulhas e estão sendo considerado (e ainda em pesquisa) como “tratamento do dia seguinte” - ou seja logo após uma relação sexual de risco. Os outros grupos são os inibidores de protease que inibe outra enzima, protease, que é necessário para o vírus para sua montagem final e os de análogo de não nucleosidas.

10) Como surgiu o vírus HIV?
Tem vários ideais popular sobre isto. Vai do cientista maluco que manipulou o vírus até o mais provável, que é a mutação do vírus que originalmente estava na população dos macacos na África. Pela proximidade da população local com os animais é fácil imaginar a transmissão para os seres humanos de um vírus que teve uma mutação e adaptou-se aos seres humanos.




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