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FÍSICOS
PROPÕEM REDE DE SUPERCOMPUTAÇÃO ROBERTA JANSEN
Quinta-Feira,
24 de Janeiro de 2002 |
Fonte:
O Globo Online |
Físicos
propõem rede de supercomputação Roberta Jansen.Um
grupo de físicos brasileiros pretende apresentar em fevereiro
ao Ministério da Ciência e Tecnologia um projeto para a
instalação no Brasil de uma unidade da Grid - rede ainda
mais potente que a internet, cujo objetivo é interligar computadores
de todo o mundo para agilizar a realização de pesados
cálculos científicos, cada vez mais complicados de serem
feitos por uma única máquina.
- A Grid é a internet levada às últimas conseqüências.
É a forma de organizar a computação científica
mundialmente. Usar, de qualquer lugar do planeta, o poder de milhares
de computadores simultaneamente, como se fossem um só. Será
muito útil para a pesquisa científica que precisa de supercomputação
- explica o professor de Física da UERJ Alberto Santoro, que
coordena os esforços para a implantação da Grid
no país. - No futuro, quem não estiver ligado à
Grid e estiver na vanguarda das pesquisas, não poderá
realizar seus cálculos fora do sistema. Será muito difícil
manter supercomputadores isolados -
acrescenta.
A proposta dos físicos brasileiros será aprimorada entre
os dias 28 de janeiro e 8 de fevereiro, quando será realizado
na UERJ o Lishep 2002, um seminário de física de altas
energias. Como parte do evento, está programado um workshop internacional
sobre Grid, que reunirá os diretores dos principais projetos
da rede já em andamento nos Estados Unidos e na Europa. Os custos
para a implantação da Grid no Brasil são estimados
em US$ 9 milhões.
Rede é fundamental para estudo de partículas
A instalação de um braço da Grid no país
é essencial para que os físicos brasileiros dêem
prosseguimento a sua participação no desenvolvimento de
um potente detector de partículas que está sendo construído
no Centro Europeu de Física de Partículas. O novo aparelho,
que deverá ficar pronto em quatro anos, produzirá eventos
que, medidos em memória de computador, equivalem a 4 Petabytes
(Pb) por ano de dados - uma montanha de informações do
tamanho de 48 estátuas do
Cristo Redentor. Para se ter uma idéia, um Pb é igual
a mil Terabytes (Tb). Um Tb, por sua vez, equivale a mil Gigabytes (Gb).
Pelo menos 1.800 cientistas de 50 países, entre eles 18 brasileiros,
participam da construção do detector, capaz de observar
o choque de partículas menores que o átomo. Santoro tem
esperanças de que se consiga, pela primeira vez, detectar a presença
da partícula Higgs.
- Essa partícula nunca foi observada e há grupos que acreditam
que ela nem exista. Mas a importância desse estudo consiste em
fabricar choques de partículas para deles se extrair informações.
Com isso, podemos compreender melhor as interações da
natureza, como funciona o Universo, e, conseqüentemente, dominar
novas tecnologias - explica Santoro.
Um único choque de partículas pode dar origem a outras
mil partículas
- uma quantidade de informação que pode ter muitos Megabytes
(Mb).
Quanto mais potente for o detector e quanto mais aprofundado forem os
estudos, a quantidade de informação a ser estudada aumenta.
- Nenhum país suporta analisar esses dados sozinho, não
há computador nem gente - pondera o físico. - Por isso,
o trabalho precisa ser feito em colaboração e, em vez
de termos um supercomputador, teríamos vários computadores
trabalhando juntos na Grid - acrescenta Santoro.
A velocidade da nova rede será de, no mínimo, 622 Mb/s.
No Brasil, os computadores mais velozes estão conectados a uma
rede de 155 Mb/s.
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