Segundo León e León (1976), desde a época colonial numerosos estudiosos
têm deixado dados sobre uma estranha enfermidade da região Andina. Pedro
Pizarro em 1571 relatou que os povos situados nos vales quentes do Peru eram dizimados
por um mal de nariz, que agora sabemos ser a leishmaniose.
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Figuras humanas com aspectos desfigurantes que não deixam
muitas dúvidas que a leishmaniose tegumentar atingia as populações
mais antigas que acupavam o continente americano.
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Ilustração de uma peça de cerâmica que pode
ser comparada com a lesão nasal de um paciente.
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Foto de uma peça arqueológica equatoriana pertencente
ao museu de Rietberg em Zurich. Pode ser comparada com a lesão nasal de uma
criança.
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Assim, não há dúvida que esta doença provocava o sofrimento
de populações desde a época pré-colombiana, de forma a impressionar
os artistas da época. A leishmaniose cutânea atinge populações
indígenas até os nossos dias, e na Amazônia brasileira o assunto tem
sido revisto recentemente.
Observações sobre populações indígenas nesta região
sugerem que a infecção é comum, enquanto que o desenvolvimento de
casos com sintomatologia clínica característica é fato raro. Por outro
lado, tem sido demonstrado que a leishmaniose cutânea em áreas recentemente
colonizadas apresenta surtos freqüentes.
A descoberta dos agentes etiológicos das leishmanioses, entretanto, só
ocorreu no final do século XIX, quando Cunningham (1885), na Índia, descreveu
formas amatigotas em casos de calazar. Posteriormente, em 1898, o pesquisador russo
Borovisky demonstrou ser um protozoário o agente etiológico dobotão
do oriente, sem lhe dar nome.
Estas formas foram estudadas por Leishman em 1903, que reconheceu a semelhança
deste protozoário com as formas arredondadas do Trypanosoma. No mesmo ano Donovan
decreveu-os na moléstia chamada Dum-Dum ou calazar. Laveram e Mesnil, examinando
alguns preparados de Donovan, chamou-os de Pinoplasma donovani. Ross em 1903 demonstrou,
entretanto, que os organismos evidenciados na preparação de Donovan não
eram esporozoários como este havia pensado e lhes estabeleceu um novo gênero,
o gênero Leishmania. Assim, o nome correto do agente etiológico do calazar
ficou sendo Leishmania donovani, Laveran e Mesnil, 1903.
Como o calazar na região do mediterrâneo atingia principalmente crianças,
as evidências de diferenças entre o organismo causador do calazar de uma
região para outra justificaram o estabelecimento de uma espécie Leishmania
infantum por Nicole em 1908.
Um organismo semelhante foi descrito por Wright em 1903 em uma criança com botão
do Oriente na Síria, sendo proposto o nome de Helcosoma tropicum para este parasita.
Mais tarde ele foi colocado no gênero Leishmania: Leishmania tropica, Wright
1903.
No continente americano várias doenças que criavam lesões, frequentes
em determinadas regiões, eram chamadas de úlcera de Bauru, ferida brava,
uta, úlcera dechiclero... A correlação destas lesões com um protozoário
do gênero Leishmania foi estabelecido por GasparVianna em 1909 no Instituto
Oswaldo Cruz, recebendo o nome de Leishmania braziliensis.