A palavra clone deriva etmologicamente do grego “klón”, que significa broto e pressupõe, portanto, a existência de um indivíduo gerador e a ocorrência de reprodução assexuada. Esse termo tem sido aplicado tanto a células quanto a organismos, de modo que um grupo de células que procedem de uma única célula também recebe esse nome.

Toda vez que um ser é gerado a partir de células ou fragmentos de uma mesma matriz, através de um processo de reprodução assexuada que resulta na obtenção de cópias geneticamente idênticas de um mesmo ser vivo (microrganismo, vegetal ou animal), acontece uma clonagem. A clonagem pode ser natural ou induzida artificialmente.

Ela é natural em todos os seres originados a partir de reprodução assexuada, ou seja, na qual não há participação de células sexuais (gametas), como é o caso das bactérias, da maioria dos protozoários e algumas leveduras. Esse é o meio mais freqüente e natural de reprodução dos vegetais inferiores, mas até vegetais superiores podem multiplicar-se naturalmente desse modo. É o caso das gramas dos jardins ou do morangueiro, cujos nós dos ramos laterais rentes à terra formam raízes, gerando plantas independentes. Ao fazerem mudas de plantas, os agricultores e jardineiros estão produzindo clones. A clonagem é, às vezes, o único meio de fazer a multiplicação de uma planta. É o que acontece com a bananeira e, geralmente, com a parreira e a cana-de-açúcar. Se alguém corta um pedaço do tronco de uma bananeira e o joga no canteiro, outra vai brotar espontaneamente. Ou seja, a célula especializada do tronco é capaz de gerar um ser idêntico a si a partir de seu próprio material genético. Outras espécies, como a estrela-do-mar, certos moluscos e crustáceos, também reproduzem-se assim. Para esses seres, a clonagem é rotineira. A clonagem natural também pode ocorrer em mamíferos, como no tatu e, mais raramente, nos gêmeos univitelinos, que são parte de um clone. Nos dois casos, embora haja reprodução sexuada na formação do zigoto, os descendentes idênticos têm origem a partir de um processo assexuado de divisão celular.

A clonagem induzida artificialmente é uma técnica da engenharia genética aplicada em vegetais e animais, ligada à pesquisa científica. Nesse caso o termo aplica-se a uma forma de reprodução assexuada produzida em laboratório, de forma artificial, baseada em um único patrimônio genético. A partir de uma célula-mãe ocorre a produção de uma ou mais células (idênticas entre si e à original) que são os clones. Os indivíduos resultantes desse processo terão as mesmas características genéticas do indivíduo “doador”, também denominado original.

A clonagem induzida em vegetais baseia-se na plantação e na criação de enxertos, nos quais são implantados brotos de plantas selecionadas em caules de outros vegetais. Essa técnica é utilizada em larga escala em muitas culturas comerciais, com a finalidade de aumentar a produção, melhorar a qualidade e uniformizar a colheita.

A clonagem induzida em animais pode usar como matéria-prima células embrionárias ou células somáticas (todas as células do corpo com exceção das reprodutivas) que são introduzidas em óvulos anucleados (sem núcleo) artificialmente (este último processo é conhecido como transferência ou transplante nuclear, e foi o processo utilizado na "clonagem" da ovelha Dolly, tão propagada pela mídia) .

Os indivíduos resultantes da clonagem têm, geralmente, o mesmo genótipo, isto é, o mesmo patrimônio genético. Dizemos ‘geralmente’ porque, durante a reprodução assexuada, pode ocorrer alguma alteração do material genético (mutação), gerando um ser com patrimônio genético diferente do existente no original. Na ausência de mutação, portanto, os clones são geneticamente idênticos.

É importante ressaltar, porém, que identidade genética não significa identidade na aparência física ou psicológica, porque todo ser vivo é resultado da interação do genótipo com o ambiente. Infelizmente, há uma tendência generalizada a enfatizar apenas a importância do genótipo (ou, o outro extremo, enfatizar apenas a influência do ambiente...), como se todos os seres, inclusive os humanos, nada mais fossem que seu patrimônio genético (ou, no segundo caso, como se os genes não fossem tão importantes na manifestação de certas características, essa visão é comum principalmente quando se trata de características psicológicas) . Essa é uma noção errônea, e apesar de alguns estudos recentes indicarem que as caracteríticas dos seres vivos, inclusive as características psicológicas humanas possam ser influenciadas pelos genes, não dispomos ainda de dados sobre essa influência. O certo é que nós podemos ter genes para todas as características, mas a manifestação desses genes é condicionada pelo ambiente, pelo que o organismo é resultado da interação genes x ambiente, e menosprezar qualquer dos dois é provavelmente um equívoco.

Fonte: http://www.scientia.hpg.ig.com.br/clonagem/