Apesar de apresentar grande prevalência mundial, poucos avanços foram obtidos no tratamento das leishmanioses. Gaspar Viana em 1912, descobriu a ação curativa do tártaro emético, sendo que até hoje a base deste medicamento é utilizada no tratamento das leishmanioses. Christina & Caronia, em 1915, na Itália e Rogers, no mesmo ano na índia, introduziram os antimoniais trivalentes no tratamento do calazar. Os antimoniais pentavalentes, como o estibogluconato de sódio (Pentostan) e o antimoniato de N-methyl glucamine (Glucantime), foram introduzidos como quimioterápicos na década de 40, sendo atualmente as principais drogas utilizadas no tratamento das leishmanioses. Na França e no Brasil emprega-se o Glucantime, apresentado em ampolas de 5ml. Enquanto que nos paises de língua inglesa utilizam o Pentostan que apresenta a vantagem de ser administrado pela via intravenosa. A suscetibilidade de amastigotas ao Pentostan está correlacionada com a inibição de enzimas glicolíticas e a beta oxidação de ácidos graxos.

    Berman et. al., (1985) demonstraram que os antimoniais pentavalentes na quimioterapia das leishmanioses apresentam vários incovenientes, como sua alta cardiotoxicidade, regimes de tratamento muito prolongados e quem nem sempre são efetivos (Berman, 1988). Um paciente que apresenta lesões resistentes ao tratamento não significa que seja portador de uma cepa de Leishmania resistente, fato muitas vezes argumentado mas que parece difícil de ser demonstrado. O que parece mais provável é que os pacientes refratários ao tratamento são em geral indivíduos cujo estado imunitário é deficiente. O Glucantime não age senão à medida em que os macrófagos estejam estimulados e o doente começe a se defender contra o parasita, na realidade os imunodeprimidos não respodem bem ao tratamento. Por esse motivo a OMS tem estimulado as pesquisas com drogas alternativas, sendo propostos multicentros de investigações no Mediterrâneo e áfrica para leishmaniose visceral e na América do Sul para leishmaniose tegumentar (Report of OMS Meeting, Nairobi, Kenia, Dec. 1987), visto que a associação do vírus AIDS com a Leishmaniose tem tido sua casuística aumentada (Clauve e col., 1986; Lortholary e col., 1990; Machado e col., 1992). As drogas atualmente empregadas como segunda escolha neste tratamento são a pentamidina e a Anfotericina B, que além de serem muito tóxicas, são de difícil administração (Berman, 1988). A toxicidade da Anfotericina B é um assunto obscuro. Alguns resultados sugerem que deva resultar de um aumento da resistência vascular, com diminuição da filtração glomerular e do fluxo sanguíneo (Tolins & Leopoldo, 1988). Além do mais, vários compostos vêm sendo estudados quanto a sua atividade leishmanicida, como a pirimetamina e o oketoconasol (Neal, 1987), metotrexato (Scott et al., 1987) e adriamicina (Sett et al., 1992). Entretanto, ainda não se tem uma droga que apresente um bom índice terapêutico e uma baixa toxicidade.

    Diversos estudos demonstraram que diferentes mecanismos celulares podem mediar a resistência à drogas em células eucariotas. A resistência aos quimioterápicos nestas linhagens pode ser mediada por quatro mecanismos principais, como: a redução da captação de droga pelas células resistentes (Sitotnak e col., 1981), o aumento da produção da enzima alvo da droga (Schimke, 1984; Stark e Wahl, 1984), diminuição da afinidade da enzima alvo pela droga (Haber e col., 1981) e a extrusão da droga citotóxica pelas células resistentes (Endicott e Ling, 1989). A investigação da resistência às drogas em Leihmania sp. tem sido realizada, sendo seleção in vitro de linhagens resistentes por aumento gradual de concentração de drogas um modelo interessante. Vários autores desenvolveram estudos realizando esta metodologia, empregando como modelo, drogas relacionadas ao tratamento desta doença como os antimoniais pentavalentes (Berman e col., 1989; Grogl e col., 1989) ou drogas citotóxicas não relacionadas com a quimioterapia da leishmaniose (Coderre e col., 1983; Ellenberger e Beverley, 1989; Katakura e Chang, 1989; Ouellette e col., 1990).

    Diversos casos de insucesso na quimioterapia com antimoniais pentavalentes vêm sendo relatados em leishmaniose mucocutânea e visceral (Bryllson et al., 1985; Marsden et al., 1985; Mebrahter et al., 1989; Grogl et al., 1992). Apesar da resposta imune do hospedeiro vertebrado ser importante para a cura desta doença (Wilson & Pearson, 1990), dados recentes sugerem que a falha terapêutica pode estar relacionada a fatores mediados pelo parasito (Berman et al., 1982; Berman et al., 1989; Groge et al., 1989; Ullman et al., 1989; Moreira & Pettrilo-Peixoto, 1991).

    Atualmente, a imunoterapia tem mostrado resultados promissores

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